sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Estamos no fim do Verão, mas ainda há tempo para mais uns petiscos.


Entrada:
Tártaro de salmão.

Corte uma posta de salmão em brunesa (tamanho de um dado cortado em quatro) tempere com alcaparras, cebolinho picado, raspa lima, vinagre, azeite, sal e pimenta.

Acompanhe com salada de alface e pepino e com tostas.


Prato Principal:
Bacalhau Zé do Pipo.

Num tabuleiro regue o fundo con azeite e ponha por camadas o lombo de bacalhau cortado ao meio na horizontal cebola picada já refogada, maionese com alho picado e leve ao forno 8 a 10 min se as fatias do bacalhau forem finas. Sirva com puré de batata temperado com sal, pimenta e nóz moscada.

Para completar azeitonas, broa e O VINHO.


Sobremesa:
Panacota de baunilha com morangos.

Leve ao lume 600ml natas, 250ml leite, 1 vagem de baunilha aberta ao meio, deixe ferver junte 8 folhas de gelatina amolecidas em água ponha em taçinhas e no frigorifico.
Desenforme ao servir e acompanhe com morangos polvilhados com açucar.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Chegou o Verão.

Peço desculpa a todos os que seguem a taberna pela ausencia mas estou de volta com sugestões para o verão. Petiscos, saladas, môlhos e refrescos.

Entrada:
Salada tomate e mozarela.

Corte o tomate e a mozarela em rodelas e disponha alternadamente num prato, tempere com azeite, vinagre balsamico, sal grosso pimenta preta e majerição cortado finamente.

Prato principal:
Taglateli de legumes.

Coza a massa em água a ferver com sal, descasque e corte em pedaços do tamanho de um dado cenoura, corgete, beringela, cogumelos, leve a uma frigideira bem quente com azeite até cozinhar, junte um pouco de tomate concásse, massa já escorrida, azeitonas, oregãos e queijo parmesão ralado.

Para acompanhar esta refeição uma boa sangria.

Sobremesa:
Gelado.

Escolha o sabor junte mõlho de morango,caramelo ou chocolate, bolacha esmagada.

Bom apetite!

terça-feira, 3 de julho de 2007

Jim Morrison

A Taberna assinala o 36º aniversário da morte de Jim Morrison, vocalista da lendária banda, compositor e poeta.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

O Tempo das Giestas

"(...) um casal de adolescentes, deitado na relva, embala numa sucessão de afazeres amorosos, como se ali estivessem apenas os dois (...).
Teresa observa-os pelo canto do olho, sorrindo, enquanto tira dos ombros a écharpe e a dobra e pousa sobre o banco, ao lado da mala. Entretém-se, agora, a ler inscrições gravadas ou desenhadas nas costas do banco: um coração envolvendo os nomes Bruno e Rita; Nuno ama Sónia dois corações entrelaçados Sónia ama Nuno; Daniela ama-me senão morro André..."

Em "O Tempo das Giestas" de José Casanova.

sábado, 9 de junho de 2007

Imagens do G8


(Rostock, protestos Anti-G8)

(Londres, protestos Anti-G8)


(Rostock, manifestação pacífica)



(Rostock)




(Rostock)





(G8)

terça-feira, 5 de junho de 2007

RATM

Depois de sete anos de interregno, os Rage Against the Machine estão de volta. Só podia, depois de tantos disparates do senhor Bush.
Prometem regressar com a mesma energia, com a mesma atitude, com a mesma vontade de mostrar, através das letras, ideais de justiça social. Contra a censura sempre empunhando a bandeira da liberdade.
Ao assistir a este espectáculo nem parece que o quarteto de Los Angeles esteve separado. Voltam a actuar em Julho (Nova York) e Agosto (Califórnia). Até lá, fica este vídeo do Festival Coachella na Califórnia.

domingo, 3 de junho de 2007

Aqui Termino

"Este livro termina aqui. Nasceu
da ira como uma brasa, como territórios
de bosques incendiados, e desejo
que, como uma árvore vermelha, continue
a propagar a sua chama luminosa.
Mas nos seus ramos não encontraste
apenas cólera: as suas raízes não procuraram
apenas a dor, mas a força,
e eu sou a força de pedra pensativa,
alegria de mão unidas.

Sou, finalmente, livre entre os seres.

Vivo, como o ar, no meio dos seres
e saio da solidão encurralada
para a multidão dos combates,
livre, porque na minha mão vai a tua mão,
conquistando alegrias indomáveis. (...)"

Pablo Neruda - "Aqui termino" in Canto Geral

sábado, 2 de junho de 2007

The Clash - Know Your Rights

Numa semana marcada pela luta na defesa dos nossos direitos, aqui fica este vídeo dos The Clash:

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Everything to Learn


«Por tudo quanto já se disse não estranha que tanto custe esta obra a penetrar o olhar instituído. Macaquear os ismos se soube sempre em Portugal desde XVI. Que uns quantos o não tenham querido fazer, ou nem podido, tanto pior. Mas cuida-se na cultura portuguesa mais do que lembra o da estrangeira na nostalgia de faltar o original por que se suspira, do que em compreendê-la em sentido único de uma diversidade.»

Bernardo Pinto de Almeida

Legenda da obra reproduzida:
Everything to Learn (William Blake) de Mário Cesariny
colagem a técnica mista sobre platex
57 x 38,5 cm
1968
Colecção particular

Fonte: Mário Cesariny - A imagem em movimento, de Bernardo Pinto de Almeida

quinta-feira, 31 de maio de 2007

The Nightwatchman - The Road I Must Travel

Tom Morello comemorou ontem, dia 30 de Maio, 43 anos de vida e a Taberna assinala o seu aniversário com um vídeo do seu novo projecto a solo, intitulado de The Nightwatchman.



Morello é o mítico guitarrista de Rage Against the Machine (RATM), banda que anunciou o seu final no ano 2000, dada a saída do vocalista Zack de la Rocha. No ano seguinte, o grupo renasce, com novo nome e com novo vocalista. Audioslave, era o nome do projecto que juntava Chris Cornell, ex-vocalista dos Soundgarden, a Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk, os restantes membros de RATM. Resultado, três discos gravados e um concerto ao vivo em Cuba. Depois de sete anos, já em Fevereiro deste ano, Cornell alega "conflitos pessoais e diferenças musicais" para justificar a sua saída de Audioslave. Tom Morello anuncia dias mais tarde, que os RATM estão de volta chegando mesmo a marcar três concertos nos EUA. Morello justifica esta acção com o facto de sentir que o seu país tem de acordar para a problemática da guerra, pretendendo com estes concertos alertar os americanos.


Mais recentemente e já no âmbito da apresentação do projecto The Nightwatchman, Thomas Morello passou por Portugal, fazendo a 1ª parte do concerto de Dave Mathews Band em Lisboa no passado dia 25 de Maio.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Greve Geral

Trabalhadores da Câmara Municipal do Porto




Trabalhadores da PORTUCEL (Palmela)




Trabalhadores da LISNAVE (Setúbal)


(fotos: da CGTP)

sábado, 26 de maio de 2007

Os Versos do Capitão









A RAINHA

Proclamei-te rainha.
Há-as mais altas do que tu, mais altas.
Há-as mais puras do que tu, mais puras.
Há-as mais belas do que tu, mais belas.

Mas tu és a rainha.

Quando vais pela rua,
ninguém te reconhece.
Ninguém vê a tua coroa de cristal, ninguém repara
na alfombra de ouro rubro
que pisas ao passar,
a alfombra que não existe.

E,quando surges,
todos os rios marulham
no meu corpo, os sinos
abalam o céu,
e um hino enche o mundo.

Apenas tu e eu,
apenas tu e eu, meu amor,
o escutamos.


Pablo Neruda manteve OS Versos do Capitão durante anos no anonimato. Escrito em "arrebatamentos de amor e fúria", no "clima desconsolado e ardente que lhe deu nascimento", este livro foi publicado entre o Canto general e Las Uvas y el Viento, por um lado, e as Odas elementales, por outro. Os seus versos são "ternos, amorosos, apaixonados e terríveis na sua cólera", e possuem paixão idêntica à que encontramos naqueles em que Pablo Neruda luta contra a injustiça.
Intervalo lírico e íntimo, onde o grande poeta chileno alcança a mesma intensidade de sentimento dos seus Veintes poemas de amor y una canción desesperada.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

O Tempo das Giestas

"Meus Deus, como é possível? - murmura Teresa, parada no pequeno terraço, com os olhos perdidos no tapume por detrás do qual o rapaz desapareceu. Depois volta a apreciar o mural, aproxima-se, observa atentamente os motivos que o rapaz indicara: É esta a CASA dele - diz, em voz murmurada - bem mo dizia o coração. Desce os quatro degraus que separa o terraço do passeio e inicia o caminho inverso ao que a trouxe ali. Caminha devagar, absorta, concentrada no desfile de memórias que lhe enche o pensamento repetindo-se: Meu Deus, como é possível?, mais de meio século e é como se nada tivesse mudado, os mesmos SONHOS, as mesmas CERTEZAS, tudo igual... a tudo, àquele dia, àqueles dias, como se o tempo estivesse parado, como se só eu tivesse mudado."
Em "O Tempo das Giestas" de José Casanova.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

terça-feira, 22 de maio de 2007

Histórias de Almanaque


A mulher estúpida

Um homem tinha uma mulher que era como o mar. O mar altera-se a cada sopro de vento, mas não aumenta nem diminui, nem muda de cor, nem de sabor, e também não fica nem mais duro nem mais mole; mas, depois de o vento passar, fica outra vez calmo, sem se ter transformado noutra coisa. E o homem teve de ir viajar.
Quando partiu, confiou à mulher tudo o que tinha - a casa, a oficina, a horta em redor da casa e o dinheiro que ganhara. «Tudo isto é meu, e também te pertence. Tens de tomar conta de tudo.»
Ela caíu-lhe ao pescoço, chorou e disse-lhe: «Como é que eu posso? Eu que sou uma mulher estúpida.» Mas ele olhou para ela e disse: «Se me amas, és capaz.» E despediu-se dela em seguida. E como a mulher ficasse sozinha, temeu por tudo o que fora confiado às suas fracas mãos e ficou apavorada. Por isso confiou no irmão, um homem mau, que a intrujou. Os bens foram assim diminuido a olhos vistos, e quando ela deu por isso ficou desesperada e não quis comer mais nada, para não diminuir ainda mais os seus haveres, e de noite também não dormia, o que fez com que adoecesse.
Para ali jazia no quarto, pelo que não podia olhar pela casa, que decaíu, o que levou o irmão a vender-lhe a horta e a oficina sem lhe dar conhecimento disso. A mulher lá estava deitada nas suas almofadas, não dizia nada e pensava: «Se eu não disser nada, não digo asneiras, e se não comer, não fico com menos coisas.» Aconteceu assim que, um dia, a casa teve de ser vendida em hasta pública. Veio muita gente de toda a parte, porque era uma bela casa. E a mulher estava deitada no seu quarto e ouvia as vozes e o som do martelo e as pessoas a rirem e a dizerem: «Chove pelo telhado, e a parede está a cair.» Sentiu-se então muito fraca e adormeceu.
Quando voltou a acordar, jazia num catre duro num quarto de madeira. Também só havia uma única janelita lá no alto e um vento frio invadia todos os recantos. Uma velha entrou no quarto e decompô-la asperamente, dizendo-lhe que a casa dela tinha sido vendida, mas que as dívidas ainda não estavam todas pagas e que ela vivia da caridade, mais pelo marido do que por ela. Pois este agora já não tinha nada. A mulher, ao ouvir isto, ficou confusa e um pouco desorientada; levantou-se da cama e começou a trabalhar desde esse dia na casa e nos campos. Andava vestida de andrajos, quase não comia e também nada ganhava, pois não exigia nada. Até que um dia ouviu dizer que o marido tinha voltado. Sentiu uma enorme angústia. Voltou logo para casa, escovou o cabelo e procurou uma belusa nova, mas não encontrou nenhuma.
E cruzou os braços sobre o peito murcho, para o dissimular. Saiu por uma pequena porta das traseiras e correu sem saber para onde.
Depois de ter corrido algum tempo, ocorreu-lhe que se tratava do marido, que viviam juntos, e que ela agora ia a fugir dele. Voltou-se logo para trás e correu em sentido inverso, não pensou mais na casa nem na oficina nem na blusa. Avistou o marido de longe e correu para ele, e pendurou-se-lhe ao pescoço.
O homem, porém, estava no meio da rua, e as pessoas riram-se dele atrás das portas. E ele ficou furioso. Mas tinha a mulher ao pescoço, que não afastava a cabeça dele nem desprendia os braços da sua nuca. E sentiu como ela tremia, e pensou que era de medo por ter deitado tudo a perder. Mas vejam só, ela ergueu finalmente o rosto para ele e ele viu então que não era de medo, mas de alegria, e que era de contentamento que ela tremia. Ocorreu-lhe então qualquer lembrança, e foi a vez de ele vacilar; enlaçou-a, sentiu que ela tinha emagrecido, e esmagou-lhe a boca com um beijo.

Bertold Brecht

quinta-feira, 17 de maio de 2007

António Nobre...Só.


E a vida foi, e é assim, e não melhora.
Esforço inútil. Tudo é ilusão.
Quantos não cismam nisso mesmo a esta hora
Com uma taça, ou um punhal na mão!

Mas a arte, o lar, um filho, António? Embora!
Quimeras, sonhos, bolas de sabão.
E a tortura do Além e quem lá mora!
Isso é, talvez, minha única aflição.

Toda a dor pode suportar-se, toda!
Mesmo a da noiva morta em plena boda,
Que por mortalha leva...essa que traz.

Mas uma mão: é a dor do pensamento!
Ai quem me dera entrar nesse convento
Que há além da morte e que se chama A PAZ!


Paris, 1891.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

O libertino passeia por Braga, a idolàctrica, o seu esplendor

[Extractos]

Saio para a rua e vou à cata dos dois pequenos libertinos ricos. Passeio pelas ruas de Braga, sigo ora uma ora outra, deito olhares de megatoneladas, fumo. O cinema ainda não acabou. Vigio de longe o jogo amoroso duma mocinha a palrar na rua com um maçanito, muito gesticulosa, muito espalha-brasas, e com o corpo todo pendurado para cima dele que com a mão esquerda na algibeira vai entretendo o caralho com as promessas que a vista lhe está a demonstrar.

(...)Faço o meu primeiro engate de magala, na rua. Não me digam tragédias: é facílimo. É a coisa mais natural do mundo!

(...) -`tão, nada feito - diz a sua honra camponesa, e pela primeira vez noto como me apetecia aquele corpo, ser dono ou servo daquele aparato movediço de carne, pele, ossos, pêlos, força. E também me parece que ele está pronto a ir atrás de uma promessa, duma mentira qualquer, e que a recusa pela venda comercial é onde ele esconde sua pronta adesão. Talvez o seu vício. Mas para comercial, comercial e meio.

(...) Descemos um carreiro em bico à direita da estrada. Escuridão. É o lugar ideal para mijar, cagar ou brochar discretamente. Calculo que ele está a provocar-me com o caralho fora das calças, quer festa, mas eu estou muito senhor de mim.

(...) Volto para Braga. Mas o cinema já fechou. E como estou um bocado tonto, passeio um bocado. Onde será o 28? Volto para a pensão. Lá estão os dois rapazolas; ou serão outros, parecidos?

Pergunto:

- Que tal esse cinema?

- Não foi mau - responde com ar zangado.

Ora vão pró caralho! Não aturo meninos depois de ter tido homens na mão. Bebo não bebo mais verde? bebo não bebo mais cerveja? ou uma água Castelo? Fumo? Peço mais fiado? Volto a passear e aproveito para meter aqui o episódio da excursão vianense.

(...) Vou para a cama. O vinho pesa-me na cabeça. Bebo água fria para desenjoar a gorja. Durmo como um bendito. Acordo no escuro, cedo, 5 ou 6 horas, há um grupo na Pensão que se esta a levantar, batem portas. Estou excitadíssimo. O meu homem virá ao encontro? Onde o hei-de meter? Nestes quartos ouve-se tudo.

Abjecção. Remorsos. Decido não ir. Misturo a Deolinda com o António e sem mexer na picha estou quase a vir-me. De repente, tudo é tão violento que tenho de bater uma punheta.

Luiz Pacheco,
Contraponto, 1970.
Desenho de Carlos Ferreiro, Luiz Pacheco

Capital Inicial - Helicópteros no Céu

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Comunidade

[Extractos]

Estendo o pé e toco com o calcanhar numa bochecha de carne macia e morna; viro-me para o lado esquerdo, de costas para o candeeiro; e bafeja-me um hálito calmo e suave; faço um gesto ao acaso no escuro e a mão, involuntária tenaz de dedos, pulso, sangue latejante, descai-me sobre um seio morno nu ou numa cabecita de bebé, com um tufo de penugem preta no cocuruto da careca, a moleirinha latejante; respiramos na boca uns dos outros, trocamos pernas e abraços, bafos suor uns com os outros, uns pelos outros, tão conchegados, tão embrulhados e enleados num mesmo calor como se as nossas veias e artérias transportassem o mesmo sangue girando, palpitassem, compassadamente, silenciosamente, duma igual vivificante seiva.

(...)

Somos cinco numa cama. Para a cabeceira, eu, a rapariga, o bebé de dias; para os pés o miúdo e a miúda mais pequena. Toco com o pé numa rosca de carne meiga e macia: é a pernita da Lina, que dorme à minha frente. Apago a luz cansado de ler parvoíces que só em português é possivel ler, e viro-me para o lado esquerdo: é um hálito levemente soprado, pedindo beijos no escuro que me embala até adormecer. Voltamo-nos, remexemos, tomados pelo medo de estarmos vivos, pela alegria dos sonhos, quem sabe!, e encontramos, chocamos carne, carne que não é nossa, que é um exagero, um a-mais do nosso corpo mas aqui, tão perto e tão quente, é como se fosse nossa carne também: agarrada (palpitante, latejando) pelos nossos dedos; calada (dormindo, confiante) encostada ao nosso suor.

(...)

Luiz Pacheco,
("Comunidade", Contraponto, 1964)

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Editorial

Entrámos no mês de Maio. A primavera já chegou, é tempo de recomeço da vida, costuma-se dizer. Na natureza tudo renasce e nasce. Pelo país fora multiplicam-se festas populares. Ontem Alberto João ganhou as eleições no jardim da Madeira... surpresa!!! Não fosse ele e os seus deputados os Patrões da esmagadora maioria da população. Em França venceu o candidato da direita, nada de bom. Mas avanços também se dão, Hugo Chávez, anunciou um conjunto de medidas na continuação da chamada Revolução Bolivariana, aumentos significativos para os trabalhadores e nova fase na nacionalização do petróleo.
Mas, Maio, é tempo de balanços também.
Realiza-se mais uma edição do Super Bock, Super Rock tirando a propaganda a uma marca de uma empresa do sr. Pires de Lima que respeita pouco os seus trabalhadores valerá certamente a pena por alguns dos concertos.
Maio é o último mês antes do inicio de três meses em que parte dos portugueses irão de férias aos poucos. Parte porque nem todos terão esse direito, para alguns (muitos) as férias servirão para ficarem fechados em casa a multiplicar as amarguras do resto do ano e o dinheiro do subsídio (para os que o têm, já que muitos dos milhares de precários nem a isso têm direito) servirá apenas para reduzir as dívidas.
Maio começou com enormes manifestações do dia do trabalhador e terminará com uma Greve Geral, há quem diga que esta não se justifica... Fica a pergunta o que se faz quando os salários pouco aumentam, os preços aumentam brutalmente, os grupos económicos tem lucros de milhões e milhões o Governo aprova uma lei das praças de Jorna (mais conhecida por trabalho temporário), prepara-se para aprovar o despedimento sem justa causa conhecido pelo pomposo termo de "Flexisegurança"... o que se faz perante isto tudo? certamente que quem diz que não se justifica uma Greve acha que perante isto se devia assobiar. Mas assobiem eles.
Quanto à Taberna, que atingiu este mês as duas mil visitas, comemorou e reivindicou o 1º de Maio e celebra agora o 82º aniversário de Luiz Pacheco. Força!

Parabéns Pacheco!

Luís José Gomes Machado Guerreiro Pacheco, nasceu a 7 de Maio de 1925 em Lisboa. Escritor, editor, polemista, etc., certamente que foi tudo aquilo que queria ser, disse tudo o que tinha para dizer. E ainda diz, felizmente. A Taberna dá os parabéns a Luiz Pacheco com um pequeno filme que assinala o início de uma semana que lhe será dedicada. Parabéns Pacheco!

Fontes:
Entrevista de Miriam Assor / Correio Domingo 2007-04-08
Entrevista de Pedro Dias de Almeida / VISÃO nº 652 1 Set. 2005
Filme de António José de Almeida / Luiz Pacheco, Mais um Dia de Noite
Música de Astor Piazzola / Adios Nonino, do albúm com o mesmo nome

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Histórias de Almanaque


O médico Hunain e o Califa

O médico Hunain foi chamado à presença do califa. O califa queria veneno para os seus inimigos. Prometeu ao médico riquezas se ele obedecesse e a prisão, se levantasse dificuldades.
Depois de passar um ano na cadeia, Hunain foi de novo arrastado até à base do trono. De um lado, amontoavam-se pedras preciosas, no outro lado viam-se instrumentos de tortura. O califa apontou com o dedo primeiro para um monte, depois para o outro.
«O que é que vai ser?» perguntou ele. Hunain respondeu-lhe: «Eu só aprendi a arte de curar, mais nenhuma outra.» O califa fez sinal ao carrasco e Hunain, sentindo chegada a hora derradeira, disse: «No dia do juízo, Deus me recompensará. Se o califa quer cometer um pecado, isso é lá com ele.» O sorriso do califa quebrou a tensão. Nunca fora sua intensão ferir o médico; apenas queria pôr à prova a sua honestidade.

Bertold Brecht

quarta-feira, 2 de maio de 2007

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Acabou o tempo... Proteja Darfur.


Quantas mais mortes, violações e vidas destruídas no Darfur serão necessárias para que a comunidade internacional actue de forma a pôr fim a esta situação?

Desde 2003, o Darfur, no Sudão Ocidental, está envolvido num conflito mortal. Várias centenas de milhares de pessoas foram mortas ou seriamente feridas. Mais de dois milhões de pessoas foram deslocados e vivem em campos de deslocados no Sudão ou em campos de refugiados no Chad; mais de 3,5 milhões de pessoas dependem da ajuda internacional para sobreviver.

A violação e outras formas de violência sexual estão a ser utilizadas diariamente como armas de guerra no Darfur. A violação de mulheres e meninas - incluindo meninas de apenas 8 anos - é generalizada. Quando empregue como parte de um ataque generalizado ou sistemático dirigido contra qualquer população civil, a violação constitui um crime contra a humanidade.


As fotos estão disponíveis no site da Globe for Darfur (www.globefordarfur.org) e há um video no site da BBC.

sábado, 28 de abril de 2007

Histórias de Almanaque


A guerra dos Balcãs

Um homem velho e doente seguia por um campo fora. Quatro rapazes assaltaram-no e despojaram-no dos seus haveres. O velho seguiu contristado o seu caminho. Mas no cruzamento seguinte viu, com grande espanto seu, que três dos ladrões assaltavam o quarto para lhe tirarem o produto do roubo. Este, no entanto, caiu no chão durante a refrega. Cheio de alegria, o velho juntou-o e apressou-se a sair dali. No entanto, foi detido na cidade mais próxima e levado à presença do juiz. Os quatro rapazes lá estavam e apresentaram queixa contra ele, agora de novo unidos. O juiz, porém, decidiu da seguinte maneira: O velho tinha que devolver todos os seus bens aos rapazes. «Caso contrário», disse o sábio e justo juiz, «os quatros indivíduos ali presentes poderiam causar distúrbios no país.»

Bertold Brecht

quarta-feira, 25 de abril de 2007

25 de Abril de 1974

Paulo de Carvalho - E depois do Adeus

«"E depois do Adeus" foi a canção que serviu de senha de início da revolução de 25 de Abril de 1974. Com letra de José Niza e música de José Calvário a canção foi escrita para ser interpretada por Paulo de Carvalho na 12ª edição do Festival RTP da Canção, do qual tinha saido vencedora pouco tempo antes.

Com a transmissão de "E depois do adeus", pelo Emissores Associados de Lisboa às 22h55m do dia 24 de Abril de 1974, era dada a ordem de partida para a saída dos quartéis .»

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Preâmbulo da constituição da República Portuguesa de 1976

«A 25 de Abril de 1974, 0 Movimento das Força Amadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.

Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.

A Revolução restituiu aos portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país.

A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito domocrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.

A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta a seguinte Constituição da República Portuguesa.»

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Cheira a liberdade

Desculpem mas penso que o autor em vez de "cheirinho a alecrim" queria cantar CHEIRA A LIBERDADE!

quinta-feira, 19 de abril de 2007

"Porquê o Socialismo?"


Einstein escreveu este artigo especialmente para o lançamento da Monthly Review, cujo primeiro número foi publicado em Maio de 1949. O artigo original encontra-se em http://www.monthlyreview.org/598einst.htm.

«(...) A produção é feita para o lucro e não para o uso. Não há nenhuma disposição em que todos os que possam e queiram trabalhar estejam sempre em posição de encontrar emprego; existe quase sempre um "exército" de desempregados. O trabalhador está constantemente com medo de perder o seu emprego. Uma vez que os desempregados e os trabalhadores mal pagos não fornecem um mercado rentável, a produção de bens de consumo é restrita e tem como consequência a miséria. O progresso tecnológico resulta frequentemente em mais desemprego e não no alívio do fardo da carga de trabalho para todos. O motivo lucro, em conjunto com a concorrência entre capitalistas, é responsável por uma instabilidade na acumulação e utilização do capital que conduz a depressões cada vez mais graves. A concorrência sem limites conduz a um enorme desperdício do trabalho e a esse enfraquecimento da consciência social dos indivíduos que mencionei anteriormente.

Considero este enfraquecimento dos indivíduos como o pior mal do capitalismo.

Todo o nosso sistema educativo sofre deste mal. É incutida uma atitude exageradamente competitiva no aluno, que é formado para venerar o sucesso de aquisição como preparação para a sua futura carreira.
Estou convencido que só há uma forma de eliminar estes sérios males, nomeadamente através da constituição de uma economia socialista, acompanhada por um sistema educativo orientado para objectivos sociais. Nesta economia, os meios de produção são detidos pela própria sociedade e são utilizados de forma planeada. Uma economia planeada, que adeqúe a produção às necessidades da comunidade, distribuiria o trabalho a ser feito entre aqueles que podem trabalhar e garantiria o sustento a todos os homens, mulheres e crianças. A educação do indivíduo, além de promover as suas próprias capacidades inatas, tentaria desenvolver nele um sentido de responsabilidade pelo seu semelhante em vez da glorificação do poder e do sucesso na nossa actual sociedade.»


Caderno Vermelho 13

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Bento de Jesus Caraça

Nasceu faz hoje 106 anos, em Vila Viçosa, Bento de Jesus Caraça. Matemático licenciado pelo ISCEF, fundador de associações nesse campo. "Biblioteca Cosmos" foi uma delas. Prestadora de cursos e conferências, esta associação fora editora de livros de divulgação científica, tendo publicado mais de uma centena de livros.
Mas Caraça, foi também um resistente antifascista. Militante do Partido Comunista Português, é, em 1946, preso pela PIDE e demitido de professor catedrático do ISCEF. Faleceu, vítima de doença cardíaca, dois anos mais tarde.
Hoje, Bento de Jesus Caraça dá nome a inúmeras ruas e a uma Escola Profissional, fruto de uma acção conjunta por parte da CGTP-IN e das Uniões Sindicais das regiões onde a Escola tem delegações.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Histórias de Almanaque


A Iluminação

Um homem de meia idade passeava uma tarde na Alameda dos Choupos quando, ao ver um cão grande que andava atrás das pombas ao longo de um ribeiro escuro, se apercebeu de que não era desejado. Seguiu imediatamente para casa.
Nada de especial tinha acontecido nesse dia. Os negócios corriam-lhe bem, na única rapariga das suas relações que não era estúpida. Alguém contara de manhã no barbeiro a história do pequeno Apfelböck que, com treze anos, assassinara a tiro os pais. O homem tinha os joelhos a tremer ao subir as escadas. Quando se ocupava de novo com o estudo do caso Apfelböck (o rapaz guardara os cadáveres dos pais num caixote durante sete dias), ocorreu-lhe subitamente a ideia de que no dia seguinte poderia matar, sem mais, o dentista, talvez com a faca. O dentista tinha o pescoço gordo e branco. Mas podia também não o matar.
Queria sentar-se ao piano para tocar Haydn; mas Apfelböck tinha esperado sete dias, e durante esse tempo (por causa do cheiro) tinha ido primeiro para o canapé da sala de estar e depois para a varanda. Isso é que Haydn não conseguia fazer esquecer.
O homem andou às voltas no quarto escuro de uma janela para a outra; olhava para o vazio, para os telhados azuis na distância e torcia as mãos. Não era possível aguentar isto. Faziam agora sete dias.
Deitou-se então na cama. Ninguém era responsável, pensou ele.
O astro é puramente provisório. Gira sibilando juntamente com muitos outros, numa fila de matéria astral, em volta de uma estrela da Vila Láctea. Não se pode ter qualquer responsabilidade num astro como este, pensou ele. Mas então fez-se demasiado escuro na cama.

Teve de se levantar e de acender velas; encontrou cinco. Pegou nelas, acendeu-as e dispô-las nas extremidades da cama: duas á cabeceira, duas aos pés e uma em cima da mesinha de cabeceira. Eram cinco luzes. Isto deve ter qualquer significado, pensou. Então, depois de ter tido todo este trabalho, sentiu o cheiro dos cadáveres dos pais. Teria de ir para a varanda? Isso é que ele não fazia de modo algum. Tratava-se de fantasmagorias. Também não havia varanda.

Se eu morresse, disse o homem de si para si; mas não se consegue sair do círculo. Estou apanhado. A coberta é vermelha, quer eu queira quer não queira, mesmo que eu morra continua vermelha. A coberta é mais forte do que eu. Não tem de certeza qualquer desejo. Não pode tornar-se idiota.
As moscas zumbiam. Apanhou uma. Para isso ajoelhou-se na cama e moveu-se ao longo da parede com as mangas da camisa a esvoaçar. À luz de cinco velas. Quando a apanhou, pensou: Uma ocupação útil à hora da morte.
Se eu morresse, pensou. Gostaria de ter um filho. Talvez eu tenha um filho. Se eu morrer, nenhum galo cantará. Se continuar vivo, também nenhum galo cantará. Faça eu o que fizer, nem um só cantará.
O homem levantou-se inquieto e vestiu um capote militar por cima da camisa. Saiu assim para a rua. Não estava demasiado escuro; viam-se passar nuvens, húmidas, acasteladas.
As chaminés negras recortavam-se rígidas contra o céu. O homem seguiu caminho, com as mãos nos bolsos. Murmurava: «Como são doces as lágrimas de uma noiva, quando o noivo lhe dá um soco nos olhos.» Depois, estugou o passo, ultrapassou outros transeuntes, cantando por fim em voz alta, em camisa, pois desfizera-se do capote - não era preciso capote num astro como este.
Corria cantando salmos pelas ruas e não quis saber de mais nada.

Bertold Brecht

sexta-feira, 13 de abril de 2007

19 de Abril, Sessão de lançamento "O Tempo das Giestas"

Foi no ano de 2002 que José Casanova fez a sua estreia literária, presenteando-nos com o romance “O Caminho das Aves”. Um romance que nos dá um retrato dos tempos do fascismo, uma visão da luta travada pela geração de 60 contra a violenta repressão fascista. Francisco com os seus camaradas e amigos fazem parte dessa luta resistente. Mas este “Caminho das Aves” – para quem não o leu, aconselho vivamente – traz-nos também os amores e desamores, deu-me a mais bela definição da amizade, que é “a amizade é a entrega em troca de nada, dispensa condições, não as suporta aliás”.

Como a caneta de quem escreveu um “O Caminho das Aves” não podia ficar parada, chegou-nos, em 2005, “Aquela Noite de Natal”. A história decorre na mesma época e com os mesmos personagens do antecedente. Nas palavras de um amigo “este livro é um hino ao amor”. Concordo plenamente, os leitores sentem um enorme sôfrego até chegar ao fim da história para assistir ao que o narrador nos escondia, um ternurento momento.

E porque não há duas sem três, e tudo isto na sequência do meu post anterior, chega-nos a terceira obra deste autor, “O Tempo das Giestas”. Que promete ser tão empolgante e viciante quanto os antecedentes.
Desta forma a não perder a apresentação, esta semana, do novo romance, de José Casanova.

O Tempo das Giestas
Dia 19 de Abril – 18h30 – Casa do Alentejo (Rua das Portas de Santo Antão - Lisboa), com apresentação de Domingos Lobo.

O Tempo das Giestas

Chove, agora, uma chuva miudinha, embora contínua. O vento, depois do temporal que durante a noite assolou o Tejo, amainou e sopra fraco. As gaivotas serenaram, pairam sobre o rio, soltam os seus gritos de tempo de bonança, fazem voos picados como se fossem mergulhar e elevam-se, roçando as águas, amiúde com peixes presos nos bicos.
Simão espera-a junto à Torre, abrigado no seu guarda-chuva grande, acompanhando os movimentos das gaivotas, agora voltando-se, vendo-a, dirigindo-se-lhe em passo acelerado, quase a correr, a correr, no rosto um sorriso feliz. Pega-lhe nas mãos, segurando o guarda-chuva com o pescoço e o ombro: Ainda bem que vieste — murmura. Depois tira-lhe a sombrinha, devolve-lha fechada, ficam os dois sob o guarda-chuva, repete: Ainda bem que vieste.

Excerto retirado do livro "O Tempo das Giestas" de José Casanova

O Povo

O povo passeava as suas bandeiras rubras
E estive no meio deles, na pedra que tocavam,
Na jornada fragorosa
E nas altas canções de luta.
Vi como iam de conquista em conquista.
Só a sua resistência era caminho
E, isolados, eram como estilhaços
Duma estrela, sem boca e sem brilho.
Juntos, na unidade feita silêncio,
Eram o fogo, o canto indestrutível,
A lenta passagem do homem sobre a terra,
Feito profundidades e batalhas.
Eram a dignidade que combatia
O que fora espezinhado, e despertava,
Como um sistema, a ordem das vidas
Que batiam à porta e se sentavam
Com as suas bandeiras na sala central.

De Pablo Neruda, em Canto Geral

E porque é Abril, canta-se a Liberdade...

quinta-feira, 12 de abril de 2007

O primeiro homem no espaço

Em 12 de Abril de 1961, aos 27 anos de idade, Yuri Gagarin, tornou-se o primeiro ser humano a ir ao espaço, a bordo na nave Vostok 1, na qual deu uma volta completa em órbita ao redor do planeta e proferiu a famosa frase “A Terra é azul”. (fonte Wikipédia)

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Editorial

Em Março foram lutas mil, em Abril comemoram-se Liberdades mil, sempre com a convicção de que outro caminho é possível, que o fatalismo que rege a nossa sociedade terá, sem sombra de dúvida, um fim.


O passado mês foi pródigo em polémicas. O branqueamento do passado brutal, violento e repressivo do regime fascista perpetrado pelo ditador Oliveira Salazar, esteve no topo das controvérsias, através do programa da RTP. Mas só houve tanto alarido porque este foi descarado, ou seja, à vista de todos. Com tudo isto, questionamos desde o vigésimo quinto dia do ano de mil novecentos e setenta e quatro – todos de nós não éramos nascidos mas só de pensar no que foi e representa, enche-nos o corpo de alegria – não temos vindo a assistir ao surgimento de um fascismo em pezinhos de lã? Até o observador mais distraído tem consciência disso, vejamos pelas políticas adoptadas que mais não fazem do que um assalto às mais elementares conquistas sociais, laborais e culturais. Teremos necessidade de nos justificar mais? Não! Basta comparar a Constituição da República criada na altura, com a actual.

Sobre outro acontecimento, o malfadado cartaz de uns tais "Renovadores Nacionalistas" na rotunda do Marquês do Pombal, em Lisboa, não alonguemos muito, até porque, como o seu líder afirma, está a ter mediatismo demais, conclui-se com a única conclusão possível, e porque os gatos não são parvos, "Nacionalismo é Parvoíce".


Sendo a essência desta taberna a Resistência, e resistência, diga-se, significa luta, saudamos as lutas promovidas pelos trabalhadores afectos à CGTP-IN, nomeadamente a gigantesca luta dos trabalhadores de dia 2 de Março, e também, a grande manifestação de jovens do dia 28 de Março. É com confiança que olhamos para a magnífica luta dos jovens, pois, é com demonstrações deste género, que facilmente se afirma que a resistência está presente no seu seio, dando aos menos jovens a certeza de que SIM «transformar o sonho em vida» é possível!


Em nome deste colectivo de Taberneiros, agradeço a todos os clientes visitantes por termos ultrapassado a bonita marca de mil visitas. Como o ditado diz, Abril águas mil, perdoem-me o enquadramento do ditado para a Taberna da Resistência, visitantes mil, mas sem dúvida a mais importante, Abril Liberdades mil.

terça-feira, 10 de abril de 2007

"Há sempre Alguém que Resiste, Há sempre Alguém que Diz Não"

Graças à sugestão de um cliente nosso, vimos recordar, um homem dotado de uma grande voz, um músico da liberdade, um importante artista resistente da segunda metade do século XX, que cedo nos deixou.

Cito as palavras que me levaram a fazer esta homenagem “o Adriano, se fosse vivo, faria hoje (9 de Abril) 65 anos. Recordemo-lo, então – e às suas belíssimas canções de resistência e de amor; e à sua voz límpida e pura; e ao seu jeito fraterno e solidário; e à sua coerência revolucionária; e ao seu exemplo de camarada”.


quinta-feira, 29 de março de 2007

Juventude em luta


As avenidas e ruas de Lisboa encheram-se de jovens trabalhadores em protesto. Vindos de todo o país, responderam ao repto da Interjovem. A manifestação que começou no Rossio e terminou em frente da Assembleia da República pretendeu contestar a precariedade laboral e exigir a estabilidade no trabalho. Em frente ao Parlamento, Célia Lopes, da Interjovem, e Carvalho da Silva, da CGTP-IN, apelaram ao reforço da luta contra as políticas governamentais.

(fonte ORL do PCP)

terça-feira, 27 de março de 2007

Ode à Lua na montanha Emei

A Lua de Outono, em quarto crescente,
brilha sobre a montanha Emei,
sua claridade pálida cai
e corre com as águas do rio Ping.
Deixo Quingsi, esta noite,
rumo às Três Gargantas do Grande Rio,
passo diante de Yuzhou e penso em vós,
não fui capaz de vos dizer adeus.

Considerado há vários séculos um dos mais perfeitos de toda a poesia chinesa, eis um poema de “impossível” tradução.
Trata-se de uma despedida, Li Bai aos 26 anos pede desculpa a um amigo por não o haver visitado.
As referências geográficas e os topónimos (todos na província de Sichuan), que em chinês cadenciam rima e ritmo, desfiguram o poema, em qualquer outra língua.
A lua, do alto do céu, observa a Terra inteira e aproxima os amigos ou amantes distantes, basta que ambos, em lugares diferentes, olhem a Lua exactamente a uma mesma hora. Este poema, dada a inexistência de géneros masculino e feminino na língua chinesa, pode ser dedicado não a um amigo mas a uma mulher, transformando-se num poema de amor.

Poema de Li Bai
Tradução e Notas de António Graça de Abreu

quinta-feira, 22 de março de 2007

Palavra de Poesia

Receias a palavra da poesia?
Temes que irrompam dos versos lágrimas
acenos, um olhar, um gesto, sangue?
A praga, o ódio, o asco?
Receias o amor que ela te fala?
O sacrifício, a Hora?
Esta íntima claridade construída?
Temes as sombras,
a noite mais noite em nossos gritos?
Ou receias a esperança,
o sémen, o suor, a seiva trabalhosa?
O amanhã já hoje em nossos passos?
Afrontam-te as raízes?
Espantam-te estas flores?
Amedrontam-te os frutos
que se estão gerando neste ventre a custo?

Ouve irmão: os homens falam aos homens
e se dão as mãos.

De Carlos Aboim Inglez, em "Soma Pouca"

quarta-feira, 21 de março de 2007

Dia Mundial da Poesia

Os taberneiros assinalam este dia, com uma lembrança àquele que foi um dos impulsionadores da fundação da Taberna da Resistência. Mário Cesariny de Vasconcellos. Foi no passado dia 26 de Novembro que o pai do surrealismo português faleceu e desta forma, sem palavras da nossa parte, mas com um poema do génio, o relembramos.

Voz numa pedra

Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento
Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal

Mário Cesariny

domingo, 18 de março de 2007

Convite a beber ao luar...


Porque o céu ama o vinho,
a estrela do vinho existe no céu. 1
Porque a terra ama o vinho,
as nascentes do vinho existem na terra. 2
Se céu e terra amam o vinho,
amar o vinho é digno dos deuses.
O vinho transparente
espelha a alma pura do homem santo,
o vinho turvo,
o espírito agitado do homem sábio. 3
Se santos e sábios
são grandes bebedores,
porquê procurar os imortais?
Três taças de vinho
concedem a felicidade plena,
um jarro e o universo nos pertence.
Incomparáveis as virtudes do vinho,
mas como explicar isto ao homem sóbrio?

1. Li Bai refere-se às três estrelas jiu qi (Mestres do vinho). Correspondem às estrelas psi, xi e ómega da constelação do Leão.

2. Existe de facto uma povoação chamada Jiuquan (Nascente do vinho) na província de Gansu. Foi fundada no ano 104 pelo imperador Han Wudi e seu nome deriva de uma fonte donde, segundo a lenda, emanava água com gosto a vinho.

3. O mandarim Xu Mo, do século III, disse um dia, completamente embriagado: "Os bêbados chamam "santo" ao vinho puro (qing) e "sábio" ao vinho turvo (zhuo)".

Poema de Li Bai
Tradução e Notas de António Graça de Abreu

sábado, 17 de março de 2007

Pelo Fim da Ocupação


Concentração no Rossio dia 20 de Março pelas 17.30H

quarta-feira, 14 de março de 2007

O Valor do Dinheiro, Cuba: um exemplo

É de todos conhecida a situação que o povo cubano vive. Vítimas de um embargo liderado pela grande “besta capitalista”, e sem o apoio de grandes potências como o era a da ex-URSS, têm que racionar recursos muito importantes para conseguirem subsistir, como por exemplo, a alimentação. Apostam na produção agrícola (cana-de-açúcar, arroz, entre outros) e na indústria (tabaco, bebidas, entre outras), produtos que vão conseguindo escoar com muitas limitações e em troca de outros bens essenciais, daí a política de racionamento a que os cubanos estão sujeitos, há pouco, mas o que há é para todos. Investem na saúde e na educação, considerando-os um bem essencial. Formam-se médicos e a assistência é gratuita, Cuba tem médicos espalhados pelo Mundo e exporta vacinas para vários países. A instrução e a aprendizagem são parte fundamental da vida cubana, gratuita, porque se acredita que um povo instruído é sempre uma mais valia para o crescimento do país, desde prostitutas até intelectuais, ou mesmo crianças, conseguem discutir temas tão complexos como a política, a economia, a cultura. As crianças brincam na rua, jogam xadrez.
O ideal que guiou Fidel, as suas convicções da implantação de um estado socialista, gorou muitas das possibilidades de estabelecer relações externas que poderiam fazer Cuba crescer. O embargo é comercial, económico e financeiro e passou a ser Lei em 1992.
Independentemente das dificuldades económicas, o povo cubano tem valores humanos muito fortes e os que deles vivem defendem a revolução, nas palavras de uma criança “através do debate”, “com lápis e papel”. Porque esses, os valores, persistem, sempre no sentido de, por pouco que tenham, ainda chega para os demais.
Veja-se a história contada por um jornalista, André Martín, numa das suas estadias em Cuba (fonte sic). Em poucas palavras, precisou de uma cebola, pois tinha prometido a um amigo cubano, que lhe pediu uma aula de culinária, ensinar-lhe a cozinhar um prato italiano. André, e visto o amigo não ter a dita cebola, decidiu bater à porta de uma vizinha, que logo lhe deu a cebola que ele tanto precisava. Mais tarde, e através de um outro amigo cubano, soube que mediante o racionamento rigoroso a que o povo cubano está sujeito, apenas têm direito a uma cebola por mês e por família. A tal vizinha, tinha dado a cebola dela, sem dizer ou pedir nada…
E este é o verdadeiro valor do dinheiro!

À tua memória

Faz hoje 124 anos que, em Londres, Karl Marx morre.
Uma vida eternamente ligada à resistência, daí a imperatividade de evocarmos esta efeméride para lembrar e relembrar um dos mais importantes e brilhantes pensadores.
A história, nestes dois últimos séculos, ficou influenciada pelas obras que nos deixou. Obras com uma actualidade impressionante e fundamentais para aplicarmos uma das suas ideias na célebre Tese 11 sobre Feuerbach:
"Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes, a questão é transformá-lo".

terça-feira, 13 de março de 2007

segunda-feira, 12 de março de 2007



Este post é para todos os taberneiros. Obrigado pelo apoio. Hoje e sempre a união faz a força.

Minho

Esta semana vamos até ao Minho. A gastronomia desta região pode caracterizar-se de suculenta, abundante e variada.
A diversidade da paisagem natural e a infuência recebidas durante séculos, explicam a variedade das especialidades gastronómicas.
A doçaria é de longa tradição conventual e popular, muito original e de grande requinte.
Não posso esquecer de referir o vinho verde da região óptimo para acompanhar as iguarias.
Mas, para conhecer um povo nada melhor do que sentar-se à sua mesa bebendo e comendo, com ele e como ele.

Entrada: Caldo Verde

Descasque 600gr de batata, 1 cebola, 2 dentes de alho e leve tudo a cozer em 1,5lt de agua, sal e 1 fio de azeite.
Lave e corte em caldo verde muito fino 200gr de couve galega.
Depois de cozidas triture as batatas, o alho e a cebola.
Leve ao lume outra vez, junte o caldo verde e deixe cozer, retifique os temperos e junte mais 1 fio de azeite.
Corte o chouriço, coloque uma rodela em cada prato e regue com o caldo verde. Corte as fatias de brôa ao meio e distribua pelas pessoas.

Prato principal: Tiborna

Leve 1kg de batatas a cozer em água abundante com sal durante 30 min.
Depois de demolhadas seque bem 4 postas de bacalhau e grelhe-as.
Coloque também 4 fatias de pão na brasa e deixe torrar.
Depois de cozidas descasque as batatas, corte-as às rodelas e disponha numa travessa. Por cima, o bacalhau desfiado e o pão. Regue tudo com azeite, vinagre e salsa picada. Para acompanhar, vinho verde da zona do Minho, pois claro.

Sobremesa: Torta de cenoura

Cozer 1kg de cenouras descascadas durante 20 min. Bater 4 claras em castelo, bater 4 gemas com 175gr de açucar, juntar as claras e a farinha.
Depois de cozidas passe a cenoura por um passador e deixe escorrer, junte ao preparado. Coloque tudo num tabuleiro quadrado forrado com papel vegetal, vai ao forno a 180ºc duante 20 min. Retira-se e coloca-se noutra folha polvilhada com açúcar, deita-se canela, enrola-se e está pronta.

quinta-feira, 8 de março de 2007

« Catarina Eufémia »

« O primeiro tema da reflexão grega é a justiça
E eu penso nesse instante em que ficaste exposta
Estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta: fazer frente

Pois não deste homem por ti
E não ficaste em casa a cozinhar intrigas
Segundo o antiquíssimo método oblíquo das mulheres
Nem usaste de manobra ou de calúnia
E não serviste apenas para chorares os mortos

Tinha chegado o tempo
Em que era preciso que alguém não recuasse
E a terra bebeu um sangue duas vezes puro

Porque eras a mulher e não somente a fêmea
Eras a inocência frontal que não recua
Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro no instante em que morreste
E a busca da justiça continua»

Sophia de Mello Breyner Andresen

O 8 de março de 1857

Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, conta-se que, ao serem reprimidas pela polícia, as trabalhadoras refugiaram-se dentro da fábrica.
Naquele momento, de forma brutal e vil, os patrões e a polícia trancaram as portas e atearam fogo, as 129 mulheres em luta, morreram carbonizadas.
A razão da luta era a reivindicação da redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Porque querem acabar com o IAJ?

Para quem não sabe o IAJ é o Incentivo ao Arrendamento Jovem promovido pelo Instituto Nacional de Habitação (INH). É um programa que tem como objectivo “revitalizar o mercado de oferta de habitação” e que “pretende que o arrendamento seja uma verdadeira alternativa à satisfação das necessidades de habitação dos jovens que iniciam uma nova fase das suas vidas”.
Recordo-me que em Agosto do ano passado foi anunciado o fim deste apoio. Decidi ligar para os serviços, ao que me responderam “isso é especulação, não faz sentido acabar com este subsídio”.
Este fim anunciado voltou à carga no início deste ano.
É sobejamente conhecida a grande precariedade dos vínculos de trabalho a que as pessoas estão sujeitas, o elevado valor das rendas e as diversas exigências feitas a quem recorre ao crédito habitação. A realidade mostra as dificuldades que os jovens têm para alcançar a sua autonomia e independência, quando uma das condições para a emancipação dos jovens é a capacidade de estabelecer uma residência autónoma.
Porque é que todas as garantias de apoio social são atacadas? Porque querem acabar com o Incentivo ao Arrendamento Jovem? Ao fruto de uma lógica capitalista penso que sei a resposta, não dá lucro…

terça-feira, 6 de março de 2007

86 anos de luta e resistência

Parabéns a você
nesta data querida
muitas felicidades
muitos anos de luta
Hoje é dia de festa
cantam os taberneiros
para o Partido
uma salva de palmas.


domingo, 4 de março de 2007

Petição contra o fascismo

A todos os clientes da taberna: Solidários com a defesa da Liberdade, assinem a petição contra a criação do Museu Salazar. Fascismo nunca mais!

Petição

sábado, 3 de março de 2007

Iremos à lua


Iremos à lua
e mesmo mais longe
Lá onde a distância cega os telescópios
Mas quando é que sobre esta nossa terra
Ninguém mais terá fome?
Ninguém temerá um outro?
Ninguém humilhará ninguém?
Ninguém roubará a esperança de ninguém?
Se sou comunista
É porque respondi a esta pergunta.

Nazim Hikmet

Editorial

No passado mês os portugueses disseram SIM à despenalização da IVG. A vitória constitui a afirmação de valores progressistas e civilizacionais, uma importante vitória da mulher e do direito à sua dignidade e saúde.

O Governo intensifica gradualmente as desigualdades sociais, levando a cabo medidas que visam promover um retrocesso social: o desemprego aumenta, os direitos dos trabalhadores estão em causa, o rendimento familiar degrada-se, o custo de vida torna-se insuportável e por outro lado vemos os bancos a realizarem lucros de milhões de euros ao ano. Toda esta imagem de um país cada vez mais triste de si mesmo constitui um verdadeiro problema social, político e económico. Até quando o povo aguentará tal situação?

Dia 2 de Março a CGTP, levou a cabo uma acção de luta, por mais direitos e por uma politica alternativa.

A Madeira vai a votos, o governo regional demitiu-se, o Presidente da República provavelmente irá marcar eleições para Maio, estaremos atentos ao jardim que é a Madeira.

A Taberna como espaço de ideias e de reflexões cresceu e está mais activa do que nunca, quando se iniciou este projecto nunca imaginámos que passado apenas um mês a participação fosse tão regular e tão significativa, mas não estamos satisfeitos pois queremos ainda mais... Pretendemos intervir com irreverência e determinação, levar a cabo as nossas convicções de Liberdade e de Fraternidade. Aqui respira-se convicção. A divulgação da Taberna também é urgente para que possa ser um espaço cada vez mais de todos, é e será esse o nosso objectivo, uma Taberna para todos...

Destaca-se ainda os vinte anos da morte do resistente JOSÉ AFONSO. As suas músicas ainda hoje servem de inspiração para muitos resistentes face à situação Nacional e Internacional.
ÚLTIMA HORA: Saudamos os jovens dinamarqueses que lutam contra as forças repressivas defendendo, nas ruas, conquistas há anos alcançadas.

A luta vai continuar... quer eles queiram, quer não!

Ontem, milhares de pessoas (150 mil) saíram à rua para mostrar o seu descontentamento com as políticas seguidas pelo actual Governo. Trabalhadores e Reformados, Jovens e Idosos, Funcionários Públicos e trabalhadores do Sector Privado vindos de todo o País juntaram-se em Lisboa para exigir a mudança de políticas, para exigir o fim de Políticas levadas a cabo pelo actual Governo de contenção dos salários para os trabalhadores e que tem gerado um brutal aumento dos lucros dos bancos e outras grandes empresas, para exigir o fim do ataque aos direitos dos trabalhadores, para exigir o fim da destruição dos serviços públicos (Saúde e Educação), para exigir o fim dos brutais aumentos dos preços (Água; Electricidade; Taxas da Saúde, Etc).
Milhares e Milhares estiveram em Lisboa e disseram não a esta política. A capital do País assistiu durante quase quatro horas a um interminável desfile de descontentamento a maior manifestação das últimas décadas.
Quem assistiu a esta manifestação pensava certamente tratar-se do maior acontecimento que se passava no País nesse dia, mas nada como chegar a casa e ligar a televisão ou a rádio e ouvir e ver a máquina de propaganda do poder (político e económico)... perdão... a comunicação social a chamar-nos à razão e a dizer-nos que o mais importante que se passou no país foi a assembleia da PT e da OPA da Sonae... afinal isso é que foi importante!
Mas podem dizer-nos o que quiserem, que nós, todos os que estivemos em Lisboa ontem e todos os que queriam lá ter estado, continuaremos a luta pela Mudança de políticas e eles que continuem a falar de tudo aquilo que só lhes interessa a eles (OPAs, Acções, Dividendos) e misturem tudo isso com uma "sondagem-zinha" de ocasião a dizer que o "povo tá satisfeito", porque façam o que fizerem a luta vai continuar e vai-se intensificar e, mais cedo do que tarde, eles e as suas políticas serão derrotados.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Juntos pela mudança de políticas

Manifesto

Feliz Aniversário Sport Lisboa e Benfica

Aos 103 anos de gloriosa idade continuamos a ver-te crescer. Fazendo história, marcando a história e contando pequenas histórias ao coração daqueles que te apoiam.

Celebrar 103 anos como o clube com mais associados de todo o mundo é um facto importante. Tão importante que não passa esquecido e fica registado no famoso livro do Guiness. Todos reconhecem a grandeza desta instituição que teve, tem e terá um papel determinante na competição desportiva em Portugal.

O futuro deveria olhar para o passado risonho. O passado e pluribus unum!. As famílias que, em tempos, se deslocavam em excursão ao estádio; os sócios que participavam activamente nas votações e assembleias; os miúdos e miúdas que praticavam desporto e a importância na formação desportiva de milhares desses jovens, tudo em prol da paixão do desporto. Morre a 10 de Fevereiro de 2000. O presente não resistiu e pariu uma máquina económica.

Mas, seja como for, o desporto português está de parabéns porque o clube Benfica faz 103 anos de história dia 28 de Fevereiro.

A todos os sócios, dirigentes, funcionários, adeptos, desportistas de todas as modalidades, enfim, toda a comunidade do Benfica, os votos de parabéns da Taberna.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Mundo Novo













olho para vocês.
olho e questiono-me do porquê.
procurei anos a fio a resposta. e quanto mais velha fico, mais tenho a certeza de que vocês não a possuem.
terei de construir um mundo novo?
um mundo onde todas as crianças têm pai e mãe.
um mundo onde todas as línguas são permitidas na escola.
um mundo onde todos temos a nossa oportunidade de brilhar.
um mundo onde os novos convivem com os idosos e onde os putos do bairro convivem com os putos das vivendas.
um mundo onde não precisamos de aprender a fazer bluff...
nesse mundo há uma oportunidade para ti: sem-abrigo que te perdeste na vida que tiveste; criança que te tornaste adulta antes da idade legal; mulher que morreste por amor; delinquente que te tornaste serviçal por pensares de maneira diferente dos outros e por não teres paciência para as teorias, tão diferentes das práticas, que te ensinavam na escola.
nesse mundo, tão longe de portugal, não terias de te posicionar na mediania dos demais.
aprenderias que todas as opiniões são válidas desde que tenham nascido de um pensamento teu.
nesse mundo, sem hierarquias, olharias para o lado e o teu patrão contar-te-ía que grita contigo porque afinal tem desgostos sentimentais!!!
e nesse dia, apanharias uma bebedeira com ele e convidá-lo-ías para dormir em tua casa...
nesse mundo, em que todas as pessoas diriam bom dia, olharias para o lado e não verias mendigos a dormir na soleira do teu prédio.
não verias putos grandes a baterem em putos pequenos, nem putos pequenos a roubarem gajos grandes.
nesse mundo não haveria salas de ensino especial para os meninos que aprendem de maneira especial.
nem haveria bairros sociais com muros à volta.
nesse mundo, não haveria pessoas importantes, porque todos saberíamos ser insignificantes.
nesse mundo não haveria incontáveis burocracias com o único objectivo de nos tramar a vida quando finalmente conseguimos aquele pé de meia...
nesse mundo haveria trabalho para todos: brancos, pretos, alentejanos, transmontanos, ex-reclusos, jovens licenciados e adultos com mais de quarenta anos.
nesse mundo respeitar-se-íam as crianças.
nesse mundo não se daria tempo de antena às desgraças, mas somente às alegrias.
nesse mundo eu nunca precisaria de escrever as coisas que eu escrevo, porque diríamos tudo à frente de toda a gente.
nesse mundo, o dinheiro seria apenas um símbolo e nada mais do que um símbolo.
um símbolo que nos recordasse desse admirável mundo velho em que um dia vivemos, para que nunca mais ousássemos aí regressar.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Para sempre Abril, para sempre Zeca

23 de Fevereiro de 1987. Foi há 20 anos que Portugal viu desaparecer uma das maiores vozes de Abril, Zeca Afonso. De Abril, mas sobretudo de sempre, porque a resistência contou com ele ontem, hoje e continuará a fazê-lo daqui por diante. Não podendo deixar passar esta data incólume, a Taberna homenageia assim um dos mentores da música de intervenção no nosso país. Zeca, não é apenas a voz de "Grândola". O compositor e homem da música popular portuguesa deixou-nos um vasto e notável trabalho, em que as suas canções iam de encontro ao protesto e à resistência. Resistência antifascista, conceito que para sempre estará associado ao cantor. Zeca nunca se deixou adormecer, querendo sempre estar na linha da frente da luta e da revolução juntamente com movimentos e personalidades de esquerda. O rosto da utopia morreu abandonado pelas instituições, mas não por nós, pois os resistentes, lutadores, precisam uns dos outros. Precisam de um José Afonso eterno. Para sempre Abril, para sempre Zeca.

"Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nível for."
José Afonso