sexta-feira, 13 de abril de 2007

O Povo

O povo passeava as suas bandeiras rubras
E estive no meio deles, na pedra que tocavam,
Na jornada fragorosa
E nas altas canções de luta.
Vi como iam de conquista em conquista.
Só a sua resistência era caminho
E, isolados, eram como estilhaços
Duma estrela, sem boca e sem brilho.
Juntos, na unidade feita silêncio,
Eram o fogo, o canto indestrutível,
A lenta passagem do homem sobre a terra,
Feito profundidades e batalhas.
Eram a dignidade que combatia
O que fora espezinhado, e despertava,
Como um sistema, a ordem das vidas
Que batiam à porta e se sentavam
Com as suas bandeiras na sala central.

De Pablo Neruda, em Canto Geral

E porque é Abril, canta-se a Liberdade...

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