segunda-feira, 30 de abril de 2007

Acabou o tempo... Proteja Darfur.


Quantas mais mortes, violações e vidas destruídas no Darfur serão necessárias para que a comunidade internacional actue de forma a pôr fim a esta situação?

Desde 2003, o Darfur, no Sudão Ocidental, está envolvido num conflito mortal. Várias centenas de milhares de pessoas foram mortas ou seriamente feridas. Mais de dois milhões de pessoas foram deslocados e vivem em campos de deslocados no Sudão ou em campos de refugiados no Chad; mais de 3,5 milhões de pessoas dependem da ajuda internacional para sobreviver.

A violação e outras formas de violência sexual estão a ser utilizadas diariamente como armas de guerra no Darfur. A violação de mulheres e meninas - incluindo meninas de apenas 8 anos - é generalizada. Quando empregue como parte de um ataque generalizado ou sistemático dirigido contra qualquer população civil, a violação constitui um crime contra a humanidade.


As fotos estão disponíveis no site da Globe for Darfur (www.globefordarfur.org) e há um video no site da BBC.

sábado, 28 de abril de 2007

Histórias de Almanaque


A guerra dos Balcãs

Um homem velho e doente seguia por um campo fora. Quatro rapazes assaltaram-no e despojaram-no dos seus haveres. O velho seguiu contristado o seu caminho. Mas no cruzamento seguinte viu, com grande espanto seu, que três dos ladrões assaltavam o quarto para lhe tirarem o produto do roubo. Este, no entanto, caiu no chão durante a refrega. Cheio de alegria, o velho juntou-o e apressou-se a sair dali. No entanto, foi detido na cidade mais próxima e levado à presença do juiz. Os quatro rapazes lá estavam e apresentaram queixa contra ele, agora de novo unidos. O juiz, porém, decidiu da seguinte maneira: O velho tinha que devolver todos os seus bens aos rapazes. «Caso contrário», disse o sábio e justo juiz, «os quatros indivíduos ali presentes poderiam causar distúrbios no país.»

Bertold Brecht

quarta-feira, 25 de abril de 2007

25 de Abril de 1974

Paulo de Carvalho - E depois do Adeus

«"E depois do Adeus" foi a canção que serviu de senha de início da revolução de 25 de Abril de 1974. Com letra de José Niza e música de José Calvário a canção foi escrita para ser interpretada por Paulo de Carvalho na 12ª edição do Festival RTP da Canção, do qual tinha saido vencedora pouco tempo antes.

Com a transmissão de "E depois do adeus", pelo Emissores Associados de Lisboa às 22h55m do dia 24 de Abril de 1974, era dada a ordem de partida para a saída dos quartéis .»

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Preâmbulo da constituição da República Portuguesa de 1976

«A 25 de Abril de 1974, 0 Movimento das Força Amadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.

Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.

A Revolução restituiu aos portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país.

A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito domocrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.

A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta a seguinte Constituição da República Portuguesa.»

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Cheira a liberdade

Desculpem mas penso que o autor em vez de "cheirinho a alecrim" queria cantar CHEIRA A LIBERDADE!

quinta-feira, 19 de abril de 2007

"Porquê o Socialismo?"


Einstein escreveu este artigo especialmente para o lançamento da Monthly Review, cujo primeiro número foi publicado em Maio de 1949. O artigo original encontra-se em http://www.monthlyreview.org/598einst.htm.

«(...) A produção é feita para o lucro e não para o uso. Não há nenhuma disposição em que todos os que possam e queiram trabalhar estejam sempre em posição de encontrar emprego; existe quase sempre um "exército" de desempregados. O trabalhador está constantemente com medo de perder o seu emprego. Uma vez que os desempregados e os trabalhadores mal pagos não fornecem um mercado rentável, a produção de bens de consumo é restrita e tem como consequência a miséria. O progresso tecnológico resulta frequentemente em mais desemprego e não no alívio do fardo da carga de trabalho para todos. O motivo lucro, em conjunto com a concorrência entre capitalistas, é responsável por uma instabilidade na acumulação e utilização do capital que conduz a depressões cada vez mais graves. A concorrência sem limites conduz a um enorme desperdício do trabalho e a esse enfraquecimento da consciência social dos indivíduos que mencionei anteriormente.

Considero este enfraquecimento dos indivíduos como o pior mal do capitalismo.

Todo o nosso sistema educativo sofre deste mal. É incutida uma atitude exageradamente competitiva no aluno, que é formado para venerar o sucesso de aquisição como preparação para a sua futura carreira.
Estou convencido que só há uma forma de eliminar estes sérios males, nomeadamente através da constituição de uma economia socialista, acompanhada por um sistema educativo orientado para objectivos sociais. Nesta economia, os meios de produção são detidos pela própria sociedade e são utilizados de forma planeada. Uma economia planeada, que adeqúe a produção às necessidades da comunidade, distribuiria o trabalho a ser feito entre aqueles que podem trabalhar e garantiria o sustento a todos os homens, mulheres e crianças. A educação do indivíduo, além de promover as suas próprias capacidades inatas, tentaria desenvolver nele um sentido de responsabilidade pelo seu semelhante em vez da glorificação do poder e do sucesso na nossa actual sociedade.»


Caderno Vermelho 13

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Bento de Jesus Caraça

Nasceu faz hoje 106 anos, em Vila Viçosa, Bento de Jesus Caraça. Matemático licenciado pelo ISCEF, fundador de associações nesse campo. "Biblioteca Cosmos" foi uma delas. Prestadora de cursos e conferências, esta associação fora editora de livros de divulgação científica, tendo publicado mais de uma centena de livros.
Mas Caraça, foi também um resistente antifascista. Militante do Partido Comunista Português, é, em 1946, preso pela PIDE e demitido de professor catedrático do ISCEF. Faleceu, vítima de doença cardíaca, dois anos mais tarde.
Hoje, Bento de Jesus Caraça dá nome a inúmeras ruas e a uma Escola Profissional, fruto de uma acção conjunta por parte da CGTP-IN e das Uniões Sindicais das regiões onde a Escola tem delegações.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Histórias de Almanaque


A Iluminação

Um homem de meia idade passeava uma tarde na Alameda dos Choupos quando, ao ver um cão grande que andava atrás das pombas ao longo de um ribeiro escuro, se apercebeu de que não era desejado. Seguiu imediatamente para casa.
Nada de especial tinha acontecido nesse dia. Os negócios corriam-lhe bem, na única rapariga das suas relações que não era estúpida. Alguém contara de manhã no barbeiro a história do pequeno Apfelböck que, com treze anos, assassinara a tiro os pais. O homem tinha os joelhos a tremer ao subir as escadas. Quando se ocupava de novo com o estudo do caso Apfelböck (o rapaz guardara os cadáveres dos pais num caixote durante sete dias), ocorreu-lhe subitamente a ideia de que no dia seguinte poderia matar, sem mais, o dentista, talvez com a faca. O dentista tinha o pescoço gordo e branco. Mas podia também não o matar.
Queria sentar-se ao piano para tocar Haydn; mas Apfelböck tinha esperado sete dias, e durante esse tempo (por causa do cheiro) tinha ido primeiro para o canapé da sala de estar e depois para a varanda. Isso é que Haydn não conseguia fazer esquecer.
O homem andou às voltas no quarto escuro de uma janela para a outra; olhava para o vazio, para os telhados azuis na distância e torcia as mãos. Não era possível aguentar isto. Faziam agora sete dias.
Deitou-se então na cama. Ninguém era responsável, pensou ele.
O astro é puramente provisório. Gira sibilando juntamente com muitos outros, numa fila de matéria astral, em volta de uma estrela da Vila Láctea. Não se pode ter qualquer responsabilidade num astro como este, pensou ele. Mas então fez-se demasiado escuro na cama.

Teve de se levantar e de acender velas; encontrou cinco. Pegou nelas, acendeu-as e dispô-las nas extremidades da cama: duas á cabeceira, duas aos pés e uma em cima da mesinha de cabeceira. Eram cinco luzes. Isto deve ter qualquer significado, pensou. Então, depois de ter tido todo este trabalho, sentiu o cheiro dos cadáveres dos pais. Teria de ir para a varanda? Isso é que ele não fazia de modo algum. Tratava-se de fantasmagorias. Também não havia varanda.

Se eu morresse, disse o homem de si para si; mas não se consegue sair do círculo. Estou apanhado. A coberta é vermelha, quer eu queira quer não queira, mesmo que eu morra continua vermelha. A coberta é mais forte do que eu. Não tem de certeza qualquer desejo. Não pode tornar-se idiota.
As moscas zumbiam. Apanhou uma. Para isso ajoelhou-se na cama e moveu-se ao longo da parede com as mangas da camisa a esvoaçar. À luz de cinco velas. Quando a apanhou, pensou: Uma ocupação útil à hora da morte.
Se eu morresse, pensou. Gostaria de ter um filho. Talvez eu tenha um filho. Se eu morrer, nenhum galo cantará. Se continuar vivo, também nenhum galo cantará. Faça eu o que fizer, nem um só cantará.
O homem levantou-se inquieto e vestiu um capote militar por cima da camisa. Saiu assim para a rua. Não estava demasiado escuro; viam-se passar nuvens, húmidas, acasteladas.
As chaminés negras recortavam-se rígidas contra o céu. O homem seguiu caminho, com as mãos nos bolsos. Murmurava: «Como são doces as lágrimas de uma noiva, quando o noivo lhe dá um soco nos olhos.» Depois, estugou o passo, ultrapassou outros transeuntes, cantando por fim em voz alta, em camisa, pois desfizera-se do capote - não era preciso capote num astro como este.
Corria cantando salmos pelas ruas e não quis saber de mais nada.

Bertold Brecht

sexta-feira, 13 de abril de 2007

19 de Abril, Sessão de lançamento "O Tempo das Giestas"

Foi no ano de 2002 que José Casanova fez a sua estreia literária, presenteando-nos com o romance “O Caminho das Aves”. Um romance que nos dá um retrato dos tempos do fascismo, uma visão da luta travada pela geração de 60 contra a violenta repressão fascista. Francisco com os seus camaradas e amigos fazem parte dessa luta resistente. Mas este “Caminho das Aves” – para quem não o leu, aconselho vivamente – traz-nos também os amores e desamores, deu-me a mais bela definição da amizade, que é “a amizade é a entrega em troca de nada, dispensa condições, não as suporta aliás”.

Como a caneta de quem escreveu um “O Caminho das Aves” não podia ficar parada, chegou-nos, em 2005, “Aquela Noite de Natal”. A história decorre na mesma época e com os mesmos personagens do antecedente. Nas palavras de um amigo “este livro é um hino ao amor”. Concordo plenamente, os leitores sentem um enorme sôfrego até chegar ao fim da história para assistir ao que o narrador nos escondia, um ternurento momento.

E porque não há duas sem três, e tudo isto na sequência do meu post anterior, chega-nos a terceira obra deste autor, “O Tempo das Giestas”. Que promete ser tão empolgante e viciante quanto os antecedentes.
Desta forma a não perder a apresentação, esta semana, do novo romance, de José Casanova.

O Tempo das Giestas
Dia 19 de Abril – 18h30 – Casa do Alentejo (Rua das Portas de Santo Antão - Lisboa), com apresentação de Domingos Lobo.

O Tempo das Giestas

Chove, agora, uma chuva miudinha, embora contínua. O vento, depois do temporal que durante a noite assolou o Tejo, amainou e sopra fraco. As gaivotas serenaram, pairam sobre o rio, soltam os seus gritos de tempo de bonança, fazem voos picados como se fossem mergulhar e elevam-se, roçando as águas, amiúde com peixes presos nos bicos.
Simão espera-a junto à Torre, abrigado no seu guarda-chuva grande, acompanhando os movimentos das gaivotas, agora voltando-se, vendo-a, dirigindo-se-lhe em passo acelerado, quase a correr, a correr, no rosto um sorriso feliz. Pega-lhe nas mãos, segurando o guarda-chuva com o pescoço e o ombro: Ainda bem que vieste — murmura. Depois tira-lhe a sombrinha, devolve-lha fechada, ficam os dois sob o guarda-chuva, repete: Ainda bem que vieste.

Excerto retirado do livro "O Tempo das Giestas" de José Casanova

O Povo

O povo passeava as suas bandeiras rubras
E estive no meio deles, na pedra que tocavam,
Na jornada fragorosa
E nas altas canções de luta.
Vi como iam de conquista em conquista.
Só a sua resistência era caminho
E, isolados, eram como estilhaços
Duma estrela, sem boca e sem brilho.
Juntos, na unidade feita silêncio,
Eram o fogo, o canto indestrutível,
A lenta passagem do homem sobre a terra,
Feito profundidades e batalhas.
Eram a dignidade que combatia
O que fora espezinhado, e despertava,
Como um sistema, a ordem das vidas
Que batiam à porta e se sentavam
Com as suas bandeiras na sala central.

De Pablo Neruda, em Canto Geral

E porque é Abril, canta-se a Liberdade...

quinta-feira, 12 de abril de 2007

O primeiro homem no espaço

Em 12 de Abril de 1961, aos 27 anos de idade, Yuri Gagarin, tornou-se o primeiro ser humano a ir ao espaço, a bordo na nave Vostok 1, na qual deu uma volta completa em órbita ao redor do planeta e proferiu a famosa frase “A Terra é azul”. (fonte Wikipédia)

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Editorial

Em Março foram lutas mil, em Abril comemoram-se Liberdades mil, sempre com a convicção de que outro caminho é possível, que o fatalismo que rege a nossa sociedade terá, sem sombra de dúvida, um fim.


O passado mês foi pródigo em polémicas. O branqueamento do passado brutal, violento e repressivo do regime fascista perpetrado pelo ditador Oliveira Salazar, esteve no topo das controvérsias, através do programa da RTP. Mas só houve tanto alarido porque este foi descarado, ou seja, à vista de todos. Com tudo isto, questionamos desde o vigésimo quinto dia do ano de mil novecentos e setenta e quatro – todos de nós não éramos nascidos mas só de pensar no que foi e representa, enche-nos o corpo de alegria – não temos vindo a assistir ao surgimento de um fascismo em pezinhos de lã? Até o observador mais distraído tem consciência disso, vejamos pelas políticas adoptadas que mais não fazem do que um assalto às mais elementares conquistas sociais, laborais e culturais. Teremos necessidade de nos justificar mais? Não! Basta comparar a Constituição da República criada na altura, com a actual.

Sobre outro acontecimento, o malfadado cartaz de uns tais "Renovadores Nacionalistas" na rotunda do Marquês do Pombal, em Lisboa, não alonguemos muito, até porque, como o seu líder afirma, está a ter mediatismo demais, conclui-se com a única conclusão possível, e porque os gatos não são parvos, "Nacionalismo é Parvoíce".


Sendo a essência desta taberna a Resistência, e resistência, diga-se, significa luta, saudamos as lutas promovidas pelos trabalhadores afectos à CGTP-IN, nomeadamente a gigantesca luta dos trabalhadores de dia 2 de Março, e também, a grande manifestação de jovens do dia 28 de Março. É com confiança que olhamos para a magnífica luta dos jovens, pois, é com demonstrações deste género, que facilmente se afirma que a resistência está presente no seu seio, dando aos menos jovens a certeza de que SIM «transformar o sonho em vida» é possível!


Em nome deste colectivo de Taberneiros, agradeço a todos os clientes visitantes por termos ultrapassado a bonita marca de mil visitas. Como o ditado diz, Abril águas mil, perdoem-me o enquadramento do ditado para a Taberna da Resistência, visitantes mil, mas sem dúvida a mais importante, Abril Liberdades mil.

terça-feira, 10 de abril de 2007

"Há sempre Alguém que Resiste, Há sempre Alguém que Diz Não"

Graças à sugestão de um cliente nosso, vimos recordar, um homem dotado de uma grande voz, um músico da liberdade, um importante artista resistente da segunda metade do século XX, que cedo nos deixou.

Cito as palavras que me levaram a fazer esta homenagem “o Adriano, se fosse vivo, faria hoje (9 de Abril) 65 anos. Recordemo-lo, então – e às suas belíssimas canções de resistência e de amor; e à sua voz límpida e pura; e ao seu jeito fraterno e solidário; e à sua coerência revolucionária; e ao seu exemplo de camarada”.