terça-feira, 27 de março de 2007

Ode à Lua na montanha Emei

A Lua de Outono, em quarto crescente,
brilha sobre a montanha Emei,
sua claridade pálida cai
e corre com as águas do rio Ping.
Deixo Quingsi, esta noite,
rumo às Três Gargantas do Grande Rio,
passo diante de Yuzhou e penso em vós,
não fui capaz de vos dizer adeus.

Considerado há vários séculos um dos mais perfeitos de toda a poesia chinesa, eis um poema de “impossível” tradução.
Trata-se de uma despedida, Li Bai aos 26 anos pede desculpa a um amigo por não o haver visitado.
As referências geográficas e os topónimos (todos na província de Sichuan), que em chinês cadenciam rima e ritmo, desfiguram o poema, em qualquer outra língua.
A lua, do alto do céu, observa a Terra inteira e aproxima os amigos ou amantes distantes, basta que ambos, em lugares diferentes, olhem a Lua exactamente a uma mesma hora. Este poema, dada a inexistência de géneros masculino e feminino na língua chinesa, pode ser dedicado não a um amigo mas a uma mulher, transformando-se num poema de amor.

Poema de Li Bai
Tradução e Notas de António Graça de Abreu

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